Sergio da Motta e Albuquerque
Numa entrevista ao Último Segundo, do IG, o músico e compositor Djavan, 62 anos, abriu o jogo e declarou que "eventualmente fuma maconha". Desmentiu também rumores sobre estar com a Doença de Parkinson. “É muito bom. Fumo eventualmente, não tenho o hábito de comprar e fumar sempre”, declarou ele, desassombrado e sem medo.
Em entrevista ao repórter Valmir Moratelli, ele declarou que já perdeu a carteira de motorista duas vezes por suspeita de uso de bebida alcoólica. Recusou-se a fazer o teste , ele informou, porque foi alertado, numa destas ocasiões, por uma capitã da PM do Rio para não fazê-lo, "porque ninguém sabe como é o organismo de ninguém". E o exame dele poderia acusar álcool...Que raio de aparelho na realidade é o nosso "bafômetro"? Não sabe contabilizar a quantidade de bebida alcoólica em um organismo com exatidão? Será que alguém sensível pode cheirar uma rolha de uma garrafa de bebida, e acabar sem a carteira de motorista?
Djavan é um sujeito muito simpático. Tive o prazer de ser apresentado a ele no Morro da Urca, no tempo das "Noites Cariocas" do neocom Nelson Motta. Lembram? Quantas saudades daquelas noites...E alguém se lembra do antigo Nelson? Aquele, que não era o conservador insuportável de hoje?
O cantor ainda elaborou mais sobre o assunto:Moratelli perguntou ainda se ele era favorável a legalização da marijuana. O compositor, maduro e experiente, afirmou que tudo depende do contexto local. Exemplos como a Holanda não servem:
"Cada nação tem sua realidade. Não basta mudar uma nova legislação, mas é questão de educação. Comprar maconha e fumar em qualquer lugar é questão de liberdade. Seria bom que acontecesse, mas é preciso que haja restruturação (sic) em toda a sociedade."
A cada dia que passa, a medicina vem encontrando mais e mais potencialidades para tratamento de doenças degenerativas, como o Mal Parkinson, o Alzheimer e a Doença de Huntington na maconha (ou diamba, jererê, bagulho, coisinha, banza, birza...) Renato Malcher Lopes, neurobiólogo, mestre em biologia molecular e doutor em neurociências, é professor adjunto do departamento de fisiologia da Universidade de Brasília. Ele afirma, no site "Controvérsia", que "a atual legislação do país sabota a pesquisa e impede a exploração assistida das baratíssimas propriedades medicinais da maconha".
Há algum tempo, a comunidade de saúde mundial já aceitou a existência das propriedades antieméticas da erva. Em outras palavras, é boa para enjôo e mal estar estomacal. Estudos com nerotransmissores estão tentando provar a utilidade dela nas doenças degenerativas do sistema nervoso, como Alzheimer e a Doença de Huntington. Segundo alguns pesquisadores, os primeiros testes indicam um potencial a ser explorado, com muito cuidado, na droga, já que ela parece arrefecer tremores, movimentos descoordenados e a ansiedade dos pacientes.
Já temos nas prateleiras das farmácias, em venda livre, vários analgésicos locais baseados na cocaína (uma droga mortal). Não vejo porque não porque não apoiar os estudos do potencial medicinal da maconha (que já começaram no Brasil), que é uma substância muito menos agressiva.