Sergio da Motta e Albuquerque
Os Estados Unidos nunca mais foram os mesmos depois dos atentados das torres gêmeas. É duro, mas é verdade. O ataque levou a uma guerra estúpida, que destruiu a economia (junto com a crise das hipotecas e dos bancos), e a credibilidade dos americanos no mundo. Agora, diz o "Der Spiegel", os Estados Unidos não são mais vistos apenas como vítimas, mas como perpetradores do mesmo.
Bush caiu na armadilha da Al-Qaeda, e enviou tropas para combater em território inimigo guerras que não poderia ganhar. No mundo atual de "hot-spots" e guerras assimétricas, inteligência e vigilância significam mais do que esforço militar. Foi o que disse John Kerry, em 2004 a George Bush. Mas o simplório do Texas acreditava em vingar a carnificina dos atentados. Uma reação primária, para um presidente.
Bush ignorou os avisos da administração anterior sobre Osama Bin Laden. Clinton já havia tentado pegá-lo duas vezes, mas falhou. O governo de transição avisou a nova administração, mas Bush já tinha como meta invadir o Iraque, houvesse ou não armas de destruição em massa. Ou, como declarou um de seus assessores, "existiam, mas não foram encontradas" (um argumento típico de uma das administrações mais burras que os americanos já tiveram). O perigo da Al-Qaeda foi subestimado. E o país foi atacado de forma brutal, como se outra potência estivesse arrasando o marco construído da cidade-símbolo das finanças mundiais (hoje tão combalidas...)
E.J.Dionne jr, pelo Washington Post, por todos estes argumentos acima citados, acredita que já é hora da América botar a coisa para trás. Chega de sofrer todos os anos, ritualisticamente. Chega de colocar o 11 de Setembro a frente da política externa do país. Ninguém jamais vai esquecer o que houve naquele dia terrível, há dez anos atrás. Foi atroz, covarde e terrível. Odiei ver Nova Iorque em desespero, naquele dia. Fiquei tão destruído quanto qualquer ser humano ao ver tanto desprezo pela vida humana.
Acima de tudo, lamento até hoje que o atentado as torres tenha trazido uma nuvem escura sobre Manhattan. Que tenha quebrado o encanto multicultural e cosmopolita de suas ruas.
Mas seguir em frente é mais importante do que sentar e chorar, ano após ano. Isto só fortalece o moral dos terroristas. Como disse o jornalista americano, "já é hora de seguir em frente".
Hoje é domingo, de qualquer forma. Vamos fazer nossas orações, ou meditações, ou o que quer que se faça hoje em dia, na sociedade ocidental para substituir o papel das religiões. Hoje tidas como "forças do mal", para a sociedade. Uma sociedade que já não sabe para onde vai. E não se importa.