Sergio da Motta e
Albuquerque
Escrever um artigo, matéria de jornal, ou qualquer coisa
para veículo de mídia periódica, é mais ou menos como fazer sexo: é bom
enquanto estamos ali, em cima da notícia e emaranhado em pesquisas e checagens
de fatos. De uma forma ou de outra a coisa sai (!!!!!!!!). O resultado final
não importa muito, diante da obrigação da próxima matéria ou trepada. A gente
fica pensando em como vamos fazer de modo diferente o que monotonamente
repetimos todos dos dias.
Escrevemos e publicamos para firmarmos o que pensamos. Não
estamos prontos para críticas e discursos devastadores sobre todas as nossas
vãs certezas. As nossas vãs certezas....Queremos a repetição, o conhecido, o
que concorda conosco. Vivemos insuportavelmente dentro de nós mesmos rituais
diários de reafirmação da infelicidade, mediocridade, e engodo. Mentimos como
se não existisse honra na face da terra. E talvez não haja mais nenhuma.
“Por que dar-se ao trabalho de criar uma obra, se é muito
melhor sonhá-la?”, interrogava-se Giotto na Idade Média. Como discordar do
pintor que usava as multifaces das pedras para criar uma noção de relevo, de
terceira dimensão?