quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Observatório da Imprensa não resistiu à crise do impeachment



                                                                                          Sergio da Motta e Albuquerque


Em junho de 2015, a maior parte dos editorialistas do Observatório da Imprensa abandonou o veículo fundado por Alberto Dines em 1996. Alguns escreveram sobre os motivos de seu afastamento. Outros nada disseram. Ou escreveram. A verdade é que o Observatório foi mais uma vítima da crise política trazida pela ampliação da Operação Lava-Jato e da colaboração da imprensa brasileira no cerco da mídia a todos os governos do PT. Nossa imprensa transformou o partido e a esquerda em uma piada. Pior, um mal a ser extirpado sem piedade da política nacional.

O antigo editor recomendou minha continuação. Eu tentei, mas não houve condições de continuar a colaborar com eles. O Observatório acabou cercado por todos os lados. A “redação” acabou reduzida a umas poucas pessoas, e aos poucos o público começou a perder o respeito pelo único veículo de crítica de imprensa em nosso país. Não posse explicar as razões formais do fim do Observatório (doravante denominado “OI”). Ninguém foi informado em profundidade sobre como, quando e por que o OI perdeu seu patrocínio e suas condições de continuar a publicar suas críticas certeiras. Não havia condições para isso. Chegara a hora do jornalismo cívico e o OI não estava à altura. Não por incompetência ou má vontade, ou coisa pior.

O jornalismo cívico escolhe partidos, candidatos e não pretende agradar a todos ou ser “imparcial” em política ou qualquer outro tema. O que é a imparcialidade a não ser pretensão? Como o OI, com seus patrocinadores ligados aos governos do PT, poderia reagir aos ataques a uma administração eleita pelo povo? Como fazer quando se quer evitar o rótulo de “chapa branca” mas suas fontes de financiamento são parte do governo ou instituições públicas? O OI sempre publicou pontos de vista de todo o nosso espectro político. Abrigou por muitos anos um escritor (muito bom por sinal), que sempre fez oposição ao PT. E seguiu a publicar contribuições de gente que fazia oposição ao regime eleito nas urnas. Mas sua marca era a de um veículo da esquerda aos molhos dos leitores.

Seu mais popular crítico sempre foi um feroz defensor do governo eleito em 2010. Ele a sós garantia uma boa quantidade de leitores para a “home” do OI. O comentarista declarou, com muita lucidez, que não havia mais nada a ser dito sobre a imprensa brasileira. Ele não queria mais continuar com discursos circulares, que começam e acabam em jornalismo, sem nunca mudar nada no nosso cenário de imprensa. Como discordar deste argumento?

Em 2009 eu deixei um veículo informativo da web, depois de ter lido uma mensagem enviada pelo editor do blog “Imprensa Marrom” à uma jornalista do informativo. Ele avisou que o informativo virtual era uma plataforma para a eleição de José Serra. Descobri que era verdade quando tentei publicar uma matéria que elogiava uma grande empresa pública brasileira. Que foi rejeitada. Uma editora da Globo foi contratada para reorganizar a página da web. Minha colega foi mandada embora. Pouco tempo depois, a editora global também foi despedida.

Pouco tempo depois eu enviei um artigo sobre o jornalista Osvaldo Peralva, ao Observatório da Imprensa. Foi publicado e elogiado. Escrevi para o OI até o início deste ano. No dia 30 de março de 2016 eu publiquei meu último artigo no OI. Era um simples comentário sobre os perigos estratégicos da Lava-Jato. Um capitão da PM me ofendeu em público, e nada foi dito ou feito em minha defesa. Eu mesmo recrutei amigos militantes para responder ao agressor. Eu havia denunciado o perigo de perdermos um projeto tecnológico de grande importância, graças a paralisação da economia por razões políticas. Poucos meses depois os israelenses (25/8), compraram não só o projeto, mas a firma que o havia concebido.

A imprensa brasileira quer convencer e lança mãos de todos os argumentos: verdadeiros, inventados ou não apurados. O grande erro do PT de Lula foi acreditar que poderia governar sem a grande imprensa, escoltado por uma tropa de blogueiros da esquerda. Gente muito boa e decente, mas incapaz de fazer frente a nossa grande e mal-intencionada imprensa e seu poder de agendar as leituras um povo não muito bem educado.

Agendamento, caro(a) leitor(a), é o oposto de enquadramento. Quando um repórter “enquadra” um determinado tema, ele escolhe a abordagem para a pauta, e mantém um certo distanciamento. As conclusões devem ser deixadas para o leitor. Quando a abordagem conduz o público ao erro, ou a adotar o ponto de vista da publicação sem questionamento, o enquadramento passa a chamar-se agendamento: o leitor acaba certo que o jornal está além de qualquer dúvida e todos devem concordar com ele.

A cobertura da Operação Lava-Jato foi uma das maiores operações de agendamento da História do jornalismo brasileiro recente. Arrasou a tudo e a todos sem qualquer discriminação que não fosse o apoio ou oposição radical ao PT; faliu empresas sem relação com nosso problema político, além de criminalizar a política aos olhos do público. Nada disso poderia ser publicado no OI.

A nova administração tentou reequilibrar o ambiente, mas já não havia condições para tal. Em março deste ano, quando Lula foi conduzido à força para depor (4/3), enviei um artigo explicando a conexão de um dos principais procuradores da operação com a Operação Banestado. Em 2003, o jornalista investigativo Amaury Ribeiro Jr, com seu colega Osmar Freitas Jr, na revista “Isto É” (30/9) o acusou de obstruir a Operação no governo FHC. Expliquei tudo no artigo. Não foi publicado.

Na época, eu também trabalhava com vários mapas sobre a corrupção durante o governo FHC. Era um projeto grande, com conteúdo de difícil contestação: os dados vinham de uma organização internacional que é inimiga de Lula e do PT. Foi-me prometido a manchete principal para ela. Por isso abri mão da publicação do texto contra a condução coerciva de Lula para depoimento à polícia federal. Errei. Errei feio.

Terminei o trabalho, que ficou muito grande, com seis gráficos que expunham a corrupção desde 1995 no Brasil. O artigo, se fosse publicado, provaria que Lula não era o “general” de nossa endêmica rapinagem pública. Mas a situação havia mudado e o artigo perdeu seu impacto. Mais um texto meu não publicado pelo OI. Em seis anos isso nunca havia acontecido. Várias matérias minhas, com o antigo editor, acabaram como manchetes principais na página do OI. Ou na seleção do editor para a edição da semana.

O aprofundamento da crise e dos problemas do OI levaram o mesmo a abrir mão de seu diferencial principal: a crítica da imprensa. Passou-se a publicação de pautas estranhas ao OI: medicina, saúde pública, meio ambiente e outras pautas alheias ao compromisso do OI com a crítica dos meios de
comunicação. O público começou a abandonar o OI. Pior, depois do fim da moderação dos comentários na “home”, os mesmos foram abertos ao púbico do Facebook sem qualquer tipo de mediação. Os insultos começaram e a direita avançou contra o OI.

Com a concretização do impeachment de Dilma Rousseff tudo ficou ainda pior. Em setembro o OI não estava mais a receber colaborações. O modelo do OI , em grande parte baseado no trabalho de colaboradores que escreviam como voluntários "pro-bono" estava esgotado. Não se pode enfrentar a grande imprensa com amadores não pagos e sem apoio da redação, reduzida à impotência e sem meios materiais para continuar seu trabalho. A voz do Observatório da Imprensa não foi ouvida durante a crise. Toda a sociedade brasileira sai perdendo. Alguns professores universitários tentaram preencher a lacuna, mas foi muito pouco, e muito tarde.

O OI precisa da colaboração ao público para continuar a publicar. Clique na figura abaixo para cooperar com a volta do OI:
fonte: Observatório da Imprensa

Nélson de Sá, pela Folha de São Paulo (29/8), explicou em detalhes a dura situação do OI. Não quero assistir o final desta experiência singular e inovadora. A perda vai ser muito grande para toda a sociedade. Mesmo que o OI consiga reequilibrar suas contas, nada garante que continuará com seu bom trabalho de crítica em médio ou mesmo curto prazo. Voluntarismo não é mais uma opção para novos colaboradores. O modelo está esgotado.

Lamento a situação do Observatório da Imprensa. Ele foi meu professor por sei anos. Pôs meu nome da primeira página, mesmo não tendo sido o único veículo de imprensa a fazê-lo. A página principal do Observatório sempre foi um lugar de honra e excelência. Até 2015. O recrudescimento da crise política no ano seguinte, somada ao abandono dos patrocinadores impuseram a paralisação ao Observatório da Imprensa. A sociedade brasileira aguarda ansiosa a sua volta.




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Documentário "A Revolução digital" - The Digital Revolution"

Assista o documentário apresentado pela Drª Aleks Krototsky, que mostra a evolução da web. Ela traz os maiores nomes da rede, como Tim Berners-Lee, e os presidentes das maiores companhias da internet, para entendermos como ela vem mudando nossas vidas. E como vem sendo transformada de uma grande empreitada coletiva internacional, num "jardim murado", que é propriedade das grandes companhias da web. Teria ela fugido de sua finalidade original? Onde nos leva a experiência com a internet?
Assista ele todo aqui:
http://topdocumentaryfilms.com/virtual-revolution/

Este abaixo é o episódio 1. os outros estão na mesma página (são 4 no total).

http://www.youtube.com/watch?v=NPD4Ep_J81k&list=PL114B076F2F7AA761&feature=player_embedded

"The Virtual Revolution" - Full Documentary here or on Youtube ( in 4 episodes). (see disclaimer below)

"Twenty years on from the invention of the World Wide Web, Dr Aleks Krotoski looks at how it is reshaping almost every aspect of our lives.Joined by some of the web’s biggest names – including the founders of Facebook, Twitter, Amazon, Apple and Microsoft, and the web’s inventor – she explores how far the web has lived up to its early promise". Watch the documentary here:

http://topdocumentaryfilms.com/virtual-revolution/ (full documentary)

This bellow is episode 1. The others (4) are in the same page.
http://www.youtube.com/watch?v=NPD4Ep_J81k&list=PL114B076F2F7AA761&feature=player_embedded

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