Editorial
Eu tive uma amiga católico-espírita, devota de Chico Xavier, que desconhecia a realidade que o espiritismo não faz parte do cristianismo. O discurso do médium, solicitado pelo apresentador do Programa Ping Pong Fogo como uma espécie de bênção dele para a ditadura brasileira, às 4h:28m do filme abaixo, pede que "tenhamos a custódia das forças armadas até que possamos encontrar uma caminho que elas continuem a nos ajudar como sempre parta que nós não venhamos a nos descambar para qualquer desfiladeiro de desordem. Isso aconteceu em 21 de dezembro de 1971
Ele
acreditava que estávamos em grande conflito espiritual graças às
comunicações de massas. Essas idéias (novas tecnologias) não
deviam fazer parte de nossa vidas. Elas acabariam criando um povo
fantoche. O Brasil deveria agradecer os militares pela ordem e o
"império da Lei" (Ditadura). Nunca assisti nada tão
cruel: a defesa da morte e da tortura da ditadura em nome de Cristo.
Enorme blasfêmia para todos os crentes.
Humberto
Eco disse uma vez que os espíritas eram gente que só acreditava no
que já conhecia. Conheciam a morte e a negavam, com a reencarnação.
Ninguém mais morre.
Outro
dia, no programa de Sergio Besserman no Canal Curta "(No
Caminho do Bem), eu vi um rapaz muito jovem comparar Jesus a
Chico Xavier. "Dois espíritos iluminados", disse o rapaz.
Que tinha sobrenome norte-americano, inglês, ou coisa que valha.
Quem estuda o Cristo histórico sob um prisma leigo e secular,como muitos
arqueólogos e historiadores sabe que ele acabou por criar um tipo de
poder neste mundo que não pode ser comparado com o médium de Minas e seu seguidores.
Fazê-lo é o reconhecimento cabal e vergonhoso de nosso provincianismo
e atraso.
Xavier,
que com nobres espíritos comunicava-se, defendeu nossa submissão
aos torturadores e assassinos da ditadura. Que a História lhe faça
justiça eterna.