domingo, 25 de março de 2018

“ Tchau, Sergio” ou Como evitar que seu pai ou mãe morra por um tratamento de Alzheimer

                                                                                            26/3/2017 Sétimo dia da morte de minha mãe

                                                                                                                                       Sergio da Motta e Albuquerque


O últimos dias de minha mãe não saem de minha cabeça. Ela foi diagnosticada, em 2014, com Alzheimer. Estava ainda muito bem. Foi rude perdê-la em menos de três anos. Eu imaginava que ela ainda poderia viver até mais uns 5 anos. Pelo menos.


Quando meu pai morreu, em 1967, tudo foi bem diferente. Súbito, brutal, mas remoto. Nunca o vi decair. Minha pobre mãezinha desabou após um tombo que levou. Bateu a cabeça, foi internada e depois operada para extrair sangue do cérebro. Isso foi em dezembro. Depois veio a sucessão de internações. Estamos em março de 2017, e agora ela está morta. Ontem foi a Missa de Sétimo Dia. Na Igreja dos Capuchinhos.

Tudo começou com um telefonema que eu recebi de minha irmã, desesperada, no meio da tarde de uma segunda-feira em novembro de 2016: “- Sergio, a mamãe caiu”. Eu estava no edifício Avenida Central, numa loja de computadores. Voltei tão rápido quanto pude. Depois disso, ela perdeu a visão num olho, e sucumbiu célere ao peso dos males múltiplos que a acometeram: trombose, insuficiência cardíaca, uremia, desidratação e pressão descontrolada. Eu não estava lá, quando ela partiu. Acho que estava com a acompanhante, quando passou mal. Os médicos vieram, mas nada puderam fazer. Foi o que me contou minha outra irmã. E foi assim que eu fiquei órfão aos 62 anos de idade.

Não consigo aceitar o vazio. A existência de minha mãe tinha um enorme peso simbólico, para mim. A imagem da enfermeiras do hospital a mudar, descuidadas, a sua posição na cama, não me sai do pensamento.”- Ai! Minha cabeça!”, minha mãe gemeu. Elas bateram a cabeça dela. A sua voz, impossível de ouvir, na maioria das vezes, daquela vez foi clara. Vai ficar para sempre em minha lembrança. Eu não sei por quê temos que viver certas situações. Eu a internei, desta última vez. Estava inchada, e com uma cor mórbida. Sua queda fora bruta e súbita.

Minha irmã ligou depois da meia-noite. Era aquele telefonema de um número que eu tentei não atender por dois ou mais anos. “Aconteceu alguma coisa?”, perguntei, hesitante., eu já sabia, mas foi o que disse. Minha irmã respondeu;”-Ah! Aconteceu sim”. E me contou a história que eu temi a minha vida inteira. Nossa mãe morreu de choque séptico e parada cardíaca. Aos 89 anos. Parece muito, mas se não fosse o Alzheimer, ou a Demência Vascular, ela viveria muito mais. Pelo menos até o início da nona década. Ela merecia isso.

Eu fui um fraco. Acomodei-me com a situação- totalmente desfavorável a ela- com aquele médico incompetente, e nunca a levei a um profissional alternativo. Desacreditei o tratamento medicamentoso que a matou, mas nunca apresentei alternativa. Como as terapias de reforço de memória. Limitei-me a aceitar o que decidiram para ela. E a meus esporádicos exercícios de rememoração.

Pobre mamãe. Não merecia sofrer tanto. Ela viveu menos de três anos depois do diagnóstico. E o final foi tão amargo. Eu havia ido lá no hospital na quinta-feira. Ela se despediu de mim. Ela disse: “Tchau, Sergio”. Foi a última coisa que minha mãe me disse. Ela disse à minha irmã, quase no seu último dia, “que estava com medo de pensar”. Vocês entendem a dor que eu senti, e ainda sinto?

Um ano depois do veredito médico tenebroso, ela estava a escrever : “sozinha meditando em nossa sala”. Copiou uma parte de um rabisco meu. Acrescentou coisas. Depois escreveu uma oração para ter paz na casa. Nós demos agendas a ela, para estimular a escrita, que ela sempre gostou. Ela tentou escrever. Marcava os dias e as horas. As vezes com intervalo de 1 minuto. A sua luta foi inglória. Ela tentou, e tentou. Mas a vida chegava ao fim, para ela.

Menos de três anos, foi o que ela viveu depois da notícia dos médicos.  Muito pouco tempo. O tratamento, quimioterápico, foi impiedoso sobre o organismo dela. Toneladas de comprimidos a mataram. Seu tombo foi causado por medicação. Poderia ser evitado. Todos nós erramos com ela. Principalmente quando não notamos a insuficiência cardíaca. Ela perdeu todo o preparo físico, e nós não a levamos a um cardiologista. Seu geriatra disse que a condição dela, o enorme débito físico “era função do Alzheimer”. E nós acreditamos...

E assim foi embora minha mãe. Maltratada pela doença mal diagnosticada. Seu tratamento apressou seu fim. Como acontece com muitos outros idosos com algum tipo de demência. Se você tem algum parente a cuidar com estas síndromes, mantenha a consciência de seu ente querido o mais que puder. Não dê ouvidos demais aos médicos. Deixe que seu pai ou mãe se divirtam, e retarde ao máximo qualquer tipo de providência para privá-los da independência, já bastante limitada nesta idade.
Acima de tudo, cuidado com o excesso de medicação. Proteja quem ama com carinho, amor e conversas. Muitas conversas e diversão. Minha mãe teve muito pouco das duas. Elas podem salvar seu pai ou a sua mãe de um fim mais triste. Podem prolongar a qualidade de sua vidas. 

Nenhum médico conhece nossos pais como nós mesmos. Nunca desconfie de sua intuição. Se você tem uma, siga-a. E esqueça o médico.


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Documentário "A Revolução digital" - The Digital Revolution"

Assista o documentário apresentado pela Drª Aleks Krototsky, que mostra a evolução da web. Ela traz os maiores nomes da rede, como Tim Berners-Lee, e os presidentes das maiores companhias da internet, para entendermos como ela vem mudando nossas vidas. E como vem sendo transformada de uma grande empreitada coletiva internacional, num "jardim murado", que é propriedade das grandes companhias da web. Teria ela fugido de sua finalidade original? Onde nos leva a experiência com a internet?
Assista ele todo aqui:
http://topdocumentaryfilms.com/virtual-revolution/

Este abaixo é o episódio 1. os outros estão na mesma página (são 4 no total).

http://www.youtube.com/watch?v=NPD4Ep_J81k&list=PL114B076F2F7AA761&feature=player_embedded

"The Virtual Revolution" - Full Documentary here or on Youtube ( in 4 episodes). (see disclaimer below)

"Twenty years on from the invention of the World Wide Web, Dr Aleks Krotoski looks at how it is reshaping almost every aspect of our lives.Joined by some of the web’s biggest names – including the founders of Facebook, Twitter, Amazon, Apple and Microsoft, and the web’s inventor – she explores how far the web has lived up to its early promise". Watch the documentary here:

http://topdocumentaryfilms.com/virtual-revolution/ (full documentary)

This bellow is episode 1. The others (4) are in the same page.
http://www.youtube.com/watch?v=NPD4Ep_J81k&list=PL114B076F2F7AA761&feature=player_embedded

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